Vocês já pensaram em subir um vulcão ativo na vida? Pois eu nunca tinha pensado que faria tal coisa. Mas desde que botei na cabeça de que iria para a Guatemala, esse foi o meu maior desejo desde então.
Organizei toda minha viagem e deixei a experiência do vulcão literalmente para a última parte, para apenas dois dias antes de voltar para o Brasil.
Aproveito aqui para lembrar vocês de seguir o @pegadasdeumaviagem no Instagram! Lá vocês acompanham tudo em tempo real! Inclusive nos destaques tem toda essa experiência incrível com muitas imagens lindas!
No dia da subida, amanheceu com sol e céu limpo, o que para mim foi uma surpresa, já que no dia anterior caiu uma chuva. Pela primeira vez consegui avistar o vulcão Fuego de longe. Foi emocionante.
Lembrando aqui que esse é o relato da minha experiência.
Ascensão ao Vulcão Acatenango
A van me buscou no hostel em que eu estava hospedada às 7 horas da manhã e fomos até a agência V-Hiking Tour ( 40 minutos) para tomar café da manhã, alugar os equipamentos que faltavam e também para passar todas as informações necessárias. Também já nos entregaram as marmitas que estavam inclusas (almoço do primeiro dia e o café da manhã do dia seguinte). A janta eles preparam na hora.
O início da caminhada já começa a 2.400 metros de altitude, e dali nunca mais paramos de subir. O terreno logo na subida é uma areia vulcânica fofa, o que faz cansar rápido, então minha dica aqui é: vá devagar, se cansar, diminua o passo, mas continue.
Tivemos várias paradas no meio do caminho para descansar. Acredito que paramos mais de 6 vezes enquanto subíamos. Nessas paradas você pode comer seus snacks e se hidratar. A primeira parada foi nos 2600 metros de altitude e a segunda nos 2772m. Depois já não me recordo mais.
Foi uma subida difícil, mas graças a Deus não tive nenhum sintoma da altitude, tive bastante cuidado com a ingestão de água e fui no meu ritmo. Paramos na entrada do Parque Regional do Vulcão Acatenango (entrada já estava inclusa no pacote), preenchemos nossos dados e continuamos a subida.
Subindo o vulcão Acatenango, passamos por quatro ecossistemas diferentes: plantações de milho; floresta tropical; floresta alpina com coníferas e, por fim, solo vulcânico. No final do trekking fica um pouco menos cansativo e a paisagem vai ajudando e animando, porque é surreal de linda! E no caminho muitos cachorros também nos acompanharam!
Chegamos no acampamento base (3600m) em torno das 14:30 e com muita emoção. A vista do acampamento para o vulcão Fuego é de tirar o fôlego e não contive minha emoção. Infelizmente ele estava dormente quando fui, pois entrou em erupção duas semanas antes, então não consegui vê-lo do jeito que eu queria, mas valeu muito a pena, porque a vista é espetacular.
Subida ao Vulcão Fuego
Das vinte e poucas pessoas que foram no meu grupo, apenas cinco quiseram continuar a caminhada até o Vulcão Fuego. E óbvio que eu era uma delas.
A ida foi “tranquila”, o início da trilha é somente descida, então foi mais fácil. Fora que a vista foi ficando cada vez mais linda! Cada vez mais perto do vulcão. Mas apesar de ser descida e ser mais tranquila, é preciso ter cuidado com as pedrinhas, porque escorrega.
A hora da subida a coisa começa a apertar um pouco mais, porque é aí que o cansaço começa a aparecer. Mas ao mesmo tempo a adrenalina de estar chegando, ainda é maior.
Chegando lá em cima, a 3.768 metros de altitude, o solo é apenas areia vulcânica, o vento é forte e o caminha é bem estreito. Dos dois lados tem penhasco, e à frente está o majestoso Vulcão Fuego respirando.
É de uma emoção estar ali perto, de ver literalmente o nosso planeta terra vivo, pulsando, que eu realmente não tenho palavras para descrever o que eu senti. E isso que não deu para ver a lava jorrando do jeito que eu queria, imagina se tivesse dado!
Lá de cima é possível avistar outros vulcões também!
Infelizmente por conta do frio, do vento e do anoitecer, não deu para ficar muito tempo e tivemos que voltar.
A volta foi tensa para mim, minhas pernas já não aguentavam mais, meu calcanhar doía, joelho doía, ponta dos pés doíam. Senti uma frustração muito grande, e é aí que a nossa cabeça precisa estar forte para não nos entregarmos!
Depois de mais 3 horas caminhando entre ida e volta do vulcão, chegamos no acampamento base para uma fogueira e janta quentinha!
Eu não tenho ideia de que horas fui dormir, só sei que capotei!
Subida ao topo do Vulcão Acatenango
Fui acordada às 4 da manhã para subirmos até a cratera do vulcão Acatenango e ver o sol nascer.
Foi nessa hora que escutei o barulho do vulcão Fuego e vi pela primeira vez a lava saindo dele! Foi emocionante demais!
O céu estava estreladíssimo e fazia muito frio! Me arrumei e começamos todos a subir. As pernas já estavam cansadas e começaram a doer logo no início da subida. Eu e mais algumas pessoas acabamos vendo o sol nascer no caminho, por estarmos indo mais devagar.
A subida levou em torno de 2 horas. E a vista é espetacular. A cratera do vulcão inativo (que não significa que não pode entrar em atividade) é escura e enorme e está a 3.976 metros de altitude.
Ficamos lá em cima por um tempo contemplando a vista, o silêncio, a coragem e absorvendo essa experiência.
A descida foi muito mais tranquila. O solo é de areia vulcânica fofa, era como se estivéssemos esquiando. Levamos em torno de 1 hora para chegar até o acampamento.
Tomamos nosso café da manhã com a vista do Vulcão Fuego e depois foi hora de nos arrumarmos para descer e ir embora.
Descida do vulcão
Para quem acha que a hora da descida é a mais fácil, para mim não foi.
Meu joelho doía tanto que mal conseguia dobrá-lo. Dessa vez fiquei para trás bonito. Tive que ir descendo super devagar e com muita calma. Nessa hora a nossa mente tem que ser forte, porque ela pode te sabotar legal.
Não tenho ideia de quanto tempo levei para descer, mas parecia uma eternidade.
Chegando de volta no hostel eu tomei um banho, me deitei e fiquei assim até o outro dia! Inclusive teve um terremoto de magnitude 6,4 neste mesmo dia, mas mal foi sentido. Ainda bem!
Agência escolhida: V-Hiking Tour
Fui com a agência V-Hiking Tour em maio de 2023. Pesquisei bastante sobre qual fechar e essa eu gostei tanto das recomendações quanto do preço. Ao todo, com a subida do Fuego, paguei QTZ 750 (R$ 475) e incluiu: 2 cafés da manhã, 1 almoço, 1 janta, 4 guias, os sacos de dormir e cabines e a entrada.
A subida do Fuego é decidida lá em cima e, portanto, paga na volta. Tem gente que decide não fazer o Fuego, até porque isso depende muito do estado em que a pessoa chega no campo base.
Eles oferecem jaquetas, lanternas, luvas, toucas, bastões de caminhada por preços super baratos. Eu aluguei a jaqueta e o bastão e saiu R$ 10. PASMEM!
Qual foi a parte mais desafiadora?
A subida foi tensa, porque pega muito panturrilha, é uma subida constante, assim como está calor, do nada vem o frio e fica aquela mistura de suor com frio (por isso roupas adequadas são recomendadas).
Mas a descida realmente me pegou. Como mencionei antes, meu joelho doía muito e tive que descer uma boa parte com a perna direita toda esticada. Fiquei para trás e a frustração veio, junto com a irritabilidade.
Esses sentimentos se juntaram com as dores físicas e eu tive que lidar com isso. Não sei se posso dizer que lidei bem, porque eu realmente fiquei P da vida e tinha certeza de que seria a primeira e única vez que faria algo assim (mal eu sabia que um dia depois eu já estaria me organizando para a próxima).
Então aqui só quero concluir que sim, é desafiador, é difícil, principalmente para aqueles que não tem preparo físico, mas não é impossível. Vai ser punk, pode ter certeza, mas segue o teu ritmo e vai no mantra que eu fui: “despacio y adelante siempre” (devagar e adiante sempre). Cansou? Diminui o passo. Não aguenta mais? Para e descansa. E principalmente, se mantenha positivo e não ultrapasse seus limites. Caso você veja que realmente não consegue mais, não se sinta mal em voltar. Sua saúde precisa vir em primeiro lugar.
Dicas importantes:
- Não deixe de alugar os bastões de caminhada ( eles vão te ajudar e muito);
- Leve bastante água, no mínimo 4 litros;
- A temperatura lá em cima é muito baixa podendo chegar a graus negativos, então vá bem protegido;
- Não esqueça de levar protetor solar, hidratante labial, lencinhos umedecidos, meias reserva, lanterna de cabeça, luvas, touca;
- Vulcão Acatenango: 3.976 metros de altitude;
- Vulcão Fuego: 3.768 metros de altitude;
Essa foi uma das experiências mais incríveis da minha vida sem sombra de dúvidas. Foi desafiador, foi punk, mas se vocês me perguntarem se eu faria de novo, a minha resposta é: COM CERTEZA!
Até a próxima!
Muito obrigada por compartilhar seu relato!
Meu sonho é subir o Acatenango e o que mais está pegando é a parte física… o receio de não conseguir subir.
Em outas viagens passei muito mal em relação a altitude… mas como vc disse o principal é trabalhar a mente e ser positivo!
Oiee. Audrey fico muito feliz que tenha gostado. Com relação a altitude, a dica que te dou é ficar alguns dias em Antígua para já ir se acostumando, já que ela está a 1545 metros acima do nível do mar. Outra coisa é se hidratar muito bem, faz toda a diferença. Não comer alimentos gordurosos nem consumir alcool no dia anterior também ajuda muito. Já em relação a parte física, não precisa ir rápido, vai no teu ritmo (os guias nos acompanham). Tenha uma boa bota, alugue os bastões de caminhada (2) que ajuda bastante!! No mais aproveita MUITO!!! E depois me conta como foi!! Beijossss
Estamos indo agora em maio, muito animado com esse trekking. Obrigado pelas dicas.
Aproveitem muito!! E o que precisarem é só me chamar.
Oi Dani! Obrigada pelo relato empolgante! Em relação à água, lá em cima não tomamos banho? E a água de beber? Pergunto pois bebo muita muita água e gostaria de saber se todo esse peso somos nós que levamos, ou se podemos contratar algum carregador. A divisão da barraca com outras pessoas é obrigatória ou opcional? Obrigada.
Oieee. Lá em cima não tem opção de tomar nem água para tomar. O banho é de lencinho umedecido e a água é que levamos. Tem a opção de pagar um carregador sim, só não sei dizer o valor. Já com relação a divisão do lugar para dormir, não vi a opção de escolha. É bom entrar em contato com a empresa para saber direitinho. Beijooos
Olá Dani, muito interessante acompanhar seus relatos de viagem! Estou indo para Guatemala na segunda que vem e ainda finalizando a contratação do seguro de viagem. Segundo a vendedora, de regra os seguros não cobrem as atividades acima de 3000 metros de altitude, você se informou sobre esta questão? Desde já agradeço, grande abraço e parabéns pelo blog!
Oie Carlo tudo bom? Então, na hora de fechar o seguro viagem, você precisa pedir que cubra esportes radicais. Fala com ela que sua viagem vai incluir um trekking de subida em vulcão. Quando fiz verifiquei sobre essa atividade. Essa empresa não oferece seguro para esportes radicais?
Bem… fiz o que consegui, afinal ficou está dúvida dos 3000 metros rs. Mas enfim, já tô no Bárbara hostel e amanhã começa a aventura, também choveu agora a noite 🙂
Ahh você já está aí!! Conseguiu falar com a seguradora??? Eles não te responderam? Você vai amar essa experiência! Depois volte para nos contar como foi!!
Hei Dani, deu tudo certo, mais ou menos da forma que vc contou, só faltou a subida final das 4 da manhã por causa do tempo chuvoso de manha (mas tambem não sei se teria conseguido, tenho uns aninhos a mais de vc rs). Agora descansando mais um dia no Barbara’s e decidindo onde ir… mas seguro de 4000 metros acho que não vai precisar mais 🙂 Abraço!
Oieee, ah que pena que não deu para subir até a cratera do Acatenango, mas com certeza foi uma experiência única. Aproveite o resto da sua viagem 🙂